sexta-feira, 20 de julho de 2007

Literalmente - Separados pelo casamento - um desnudamento de Plutão na casa 7


Ontem sob uma Lua em Libra meu marido e eu vimos o filme Separados pelo casamento, The Break-up no original, uma produção de 2006. Se você ainda não viu e quer ver, não leia este texto!

O filme, sob a roupagem de uma comédia romântica, mostrou-se na verdade bem real. A história começa mostrando que o casamento de Brooke e Gary, juntos há dois anos, está por um fio.

Gary é o parceiro que não está muito afim de cumprir com as "difíceis tarefas caseiras" e, totalmente empoderado, chega em casa, liga a TV, joga videogame e toma uma cerveja, enquanto Brooke, apesar de também trabalhar fora e de ter limpado sozinha todo o apartamento, está fazendo um jantar para receber familiares e amigos de ambos.

Brooke trabalha em uma galeria de arte e tem como chefe uma poderosa mulher, Marilyn Dean. Gary trabalha em sociedade com os irmãos, numa empresa da família que realiza passeios turítiscos de ônibus em Chicago. No trabalho, a relação que ambos têm no casamento se reproduz. Gary diz ser o talento da firma e não chega nem perto das tarefas "mais chatas". Enquanto isso, Brooke, assim como no casamento, tem uma relação de total submissão com a sua chefe, e fica tentando contornar os mínimos problemas para não incomodá-la. Retrato claro da má distribuição de poder na relação dos dois que se reflete nas suas parcerias de trabalho.

Mas é nessa na noite do jantar que Brooke começa a mostrar os sinais da explosão que está por vir e, num fôlego só, tenta expor a Gary a sua falta de atenção com ela, o seu descomprometimento, o seu egoísmo, etc. Apesar de se amarem, os dois não se entendem. Quanto mais ela explica, menos ele a ouve e mais acha que as reinvidicações dela são absurdas. O casal está totalmente surdo um para o outro. Gary se coloca na defensiva e diz que Brooke só o critica e nunca deixa ele fazer o que quer como, por exemplo, ter uma mesa de bilhar em casa. A situação só piora e Brooke rompe o casamento. Gary não acredita e tenta se vingar: quer ficar com o apartamento e ainda exige uma multa por ter sido deixado. Mas Brooke não dá o braço a torcer, e os dois continuam morando juntos até venderem o apartamento.

Assim, até a venda pode-se assistir a todos os jogos e encenações que Brooke faz para tentar provocar ciúmes em Gary e, dessa forma, na cabeça dela, reaproximar-se dele. Gary, por sua vez, assiste a tudo com uma indiferença forjada. Brooke, numa última tentativa de reconciliação, arma mais um joguinho pelas beiradas e o convida para um show. Gary não vai, pois não entende o jogo. Ela volta pra casa e pela primeira vez mostra seus sentimentos e chora. Gary começa a entender alguma coisa e no outro dia prepara um maravilhoso jantar para ela. Mas ela, diante de uma mesa impecavelmente posta por ele, se dá conta que não tem mais nada para dar, e entende que apesar de todas as tentativas de manter o relacionamento, algo realmente se quebrou, rompeu. E assim ela decide que irá viajar por um tempo.

O apartamento, depois das duas longas semanas, é vendido e, diante da inevitabilidade da separação, os dois começam a se desnudar junto com ele. Quando o vêem totalmente vazio, Broke confessa a Gary que com boa vontade dela teria dado para pôr uma mesa de bilhar ali. Gary começa a perceber o seu egoísmo e os dois sem mais nada a se apegar finalmente conseguem se ver.

A partir dessa visão algumas coisas começam a mudar. Gary passa a fazer a parte "chata" do trabalho na empresa dele e dos irmãos. Brooke avisa a chefe que está se demitindo. Marilyn Dean a oferece mundos e fundos para que ela não vá, mas Brooke mantém a posição e descobre impávida que a chefe só a controlava porque ela deixava. No final, Marilyn Dean ainda lhe dá dicas para a viagem e diz que as portas estarão abertas para quando ela quiser retornar. Talvez aí Brooke tenha se dado conta do seu medo de negociar e de como já deixava tudo pronto para o outro em função desse mesmo medo.

Gary segue sua vida e expande seu negócio com os irmãos. Agora, a empresa comanda passeios turísticos também pela água. Gary, numa das suas atuações frente aos turistas diz: Esta é Chicago, uma cidade que foi inteiramente destruída por um incêndio em 1871, mas que foi contruída em cima das ruínas e surgiu ainda mais forte! Possivelmente aí se encontre uma grande metáfora ao relacionamento de Brooke e Gary, pois Brooke, depois de um tempo, retorna a Chicago e, no final, o ex-casal do filme se encontra casualmente. Ambos mudados, separados pelo casamento, é verdade, mas possivelmente mais individuados e quem sabe prontos para uma nova e mais justa relação, depois dessa transformação plutoniana necessária.

Curiosidade: durante as filmagens, entre Julho e Agosto de 2005, Jennifer Aniston, a Brooke, enfrentava o fim de seu casamento com Brad Pitt. Segundo ela, o filme a ajudou a superar a dor da separação e, além disso, possibilitou que ela conhecesse o seu atual marido, Vince Vaughn, o Gary do filme!


Por Daniela Scheifler - Baile no Céu

Um comentário:

Anônimo disse...

Por que nao:)