terça-feira, 28 de agosto de 2007

Aspectos e ângulos



O conjunto das energias e forças zodiacais são formações complexas, derivadas da Geometria Sagrada e conhecidas através dos aspectos astrológicos e que são usados pela ciência moderna, na forma como distribuem suas antenas de rádio, televisão e celulares, ou quando posiciona algum satélite em órbita terrestre. Os efeitos dos ângulos observados pela ciência correspondem à dos astrólogos e representam facetas das estruturas fundamentais do Universo e remetem às realidades geométricas de fundamental importância.
Os aspectos são estudados segundo graus de força, por exemplo, o trígono (120º) e a quadratura (90º).
Além disso, se acrescenta a questão da tolerância espacial a ser observada na influência destes aspectos, podendo se atribuir 10º para os aspectos mais importantes: trígono, quadratura, quintil, conjunção e oposição; 7º para os de segunda importância: sextil, semi-quadratura, decil; 4º para aos de terceiro grau de importância: semi-sextil, sesqui-quadratura, biquintil; e apenas 1º para os demais aspectos. Como a tolerância é centrada no planeta, considera-se apenas a metade desta margem para cada lado da esfera avaliada.
Devemos ainda considerar que os aspectos se encontram divididos em quatro grupos, relacionados com: o físico ou material, psicofísico ou neutro, astral ou anímico e espiritual.
A espiritualidade está simbolizada pelo triângulo – que são os aspectos benéficos e fluentes – trígono (120º) permite a fluência das energias; sextil (60º) harmonizante; semi-sextil (30º) atuação física: e quincúncio (150º) atuação física.
O material ou físico está simbolizado pelo quadrado – processo de aprendizado e crescimento pela dor – quadratura (90º) gerador de tensão emocional; semi-quadratura (45º) gerador de atritos mentais; e sesqui-quadratura (135º) atua sobre a saúde.
O aspecto astral ou anímico está relacionado ao pentágono, correspondendo à esfera da alma e é intermediário entre os dois anteriores – quintil (72º) efeito de natureza mental; decil (36º) efeito no plano físico; e biquintil (144º) efeito no plano das emoções.
Os psicofísicos ou neutros atuam no sentido de agrupar ou separar forças, e sua natureza depende dos planetas envolvidos – conjunção (0º) relaciona-se ao Sol; e oposição (180º) relaciona-se à Lua.
Rejane Woltz Barbisan
Astróloga

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Contos astrais: Aquário

Nivaldo Pereira - nivaldope@uol.com.br

Caros internautas: a comunidade Eu Fui Amigo do Ganimedes pretende homenagear essa grande figura humana que marcou profundamente nossas vidas. Neste ano se completa uma década do acidente de ultraleve que levou embora nosso amigo, com apenas 42 anos. Sintam-se à vontade para deixar aqui seus depoimentos, com toda sinceridade e sem frescura, do jeito que ele gostava. Onde ele estiver, com certeza estará sorrindo pra gente, voando com duas asas enormes...
Fred: Dez anos, já? O tempo voa. Eu o conheci no primário, e ele entrou na turma no meio do ano, depois de ter sido expulso do colégio dos padres. Era tempo da ditadura militar, e não foram poucas vezes em que o Gani era chamado na diretoria ou levava suspensão. Tudo porque não aceitava ordens sem discutir. Voltamos a nos encontrar anos depois, nos corredores da faculdade de sociologia. Lógico que ele não terminou o curso, porque sempre esteve mais interessado em organizar passeatas contra isso e aquilo. Acho que ele teria um belo futuro na política. Saudades de você, cara. Foi um privilégio ter sido seu amigo.
Hanna: Fico pensando agora se ele tivesse concordado em ter um filho comigo. Vivemos juntos por quase três anos. Mas o Ganimedes tinha horror à idéia de ser pai. Dizia que não queria ser obrigado a cuidar de ninguém por causa de convenções derivadas da parte animal da natureza humana. Daí passava a defender uns bizarros sistemas de controle de natalidade e a ação do governo no sentido de impor contraceptivos à população miserável. No fundo eu achava que ele tinha coisas mal resolvidas com a família, principalmente o pai, de quem nunca falava. Era difícil fazer com que ele se abrisse emocionalmente. Às vezes assumia uma frieza glacial e foi por isso que nosso “casamento” acabou. Muita gente achou que foi por causa do lance com o outro cara, mas não foi. Ele tinha um lado selvagem, de tão livre, e eu sabia que nunca seria meu. Felizmente a gente descobriu que funcionava melhor sendo amigos. E assim fomos até aquele dia trágico. Mas agora sou eu que não quero tocar nessas emoções. Ele sabe que meu amor permanece igual.
Laila: Ele tinha a mania de a cada vez que me via inventar um nome novo pra mim. Já fui Astrud, Sonja, Gertrudes, Zora, Gudrum, Hermenegilda, Saionara e até Maria-do-Perpétuo-Socorro, dito assim, sem pausa. Argumentava que o nome era a máscara da pessoa e que me queria sempre dona de muitas caras, muitas amigas numa mesma mulher. Uma vez ele me ligou às três da manhã, falou somente “escuta isso” e encostou o telefone na caixa de som. Rolava uma música do Salif Keita. Fiquei esperando a canção terminar, preocupada, achando que ele estivesse maluco, drogado, sei lá. Aí ele disse algo como “Talita, a África ainda vai salvar a humanidade”, e desligou. Esse era o Ganimedes. Ontem mesmo ri sozinha, lembrando do concurso de palavrões que ele organizou uma vez numa formatura. Alguém aí estava lá? Quem lembra do palavrão vencedor? Talvez a gente deva fazer uma festa no aniversário de partida dele, pra repartir histórias. Vou aparecer com o nome de Zúbia.
Roberto: O cara foi embora cedo pra não ver a caretice que tomou conta do mundo. Ele não ia suportar ver os antigos colegas de militância metidos em falcatruas. Meu brother, essa gentalha não te merecia. Você era de outro planeta!
Elisa Luz: Hanna, querida, que bom te encontrar por aqui. Vou te adicionar aos meus contatos. O Gani continua unindo a gente, como sempre fez, não é mesmo? E olha só que coincidência! Você falou do lance com o outro cara, e adivinha quem encontrei ontem? Ele mesmo. Estava num shopping, com mulher e filhos. E pensar que por ele o Gani quase foi linchado naquele bar, depois de se darem um beijo na boca. Eu jurava que nada mais me surpreenderia no Gani, mas confesso que fiquei chocada quando ele desafiou os machões do bar com aquele discurso de que o amor não tem sexo nem cor nem credo, enquanto o outro saía correndo, sem assumir o próprio afeto. Confesso também, amiga, que fiquei mais impressionada com sua atitude de permanecer vivendo com um homem que de repente admitia estar caído de paixão por outro cara. Sabemos que o Gani estava mesmo acima de rótulos. O lance dele era amar, e amar urgentemente, como se soubesse, naquela típica ansiedade, que viveria pouco. Hannusca, tenho o maior orgulho de ter convivido com vocês e espero que a gente retome nossa amizade.
Bocão: Ganimedes, seu bruxo! Não é que o império norte-americano está ruindo exatamente pelos motivos que você apontava há mais de 20 anos, e a gente te chamava de maluco? É regra: ninguém é profeta em seu tempo e em sua terra...
Gigi: Na época de estudante ele não tinha endereço certo, vivia pousando na casa dos amigos. Certa vez minha avó perguntou de que família ele era. E a resposta certeira: “Sou da família Mundo”. De outra vez, os guris foram questionar ele por que, entre tantas gatas na faculdade, ele namorava uma feia, preta e gorda. O Gani falou: “Engraçado, eu ainda não tinha reparado que ela é feita, preta e gorda...” Gente, o Gani era o cara!
Audrey Turner: Friends and friends! Não posso me omitir em falar do Espelho. A gente se tratava assim porque fazia aniversário no mesmo dia e tinha mapas astrais muito parecidos. Foi ele quem me apresentou ao yoga, ao budismo e a Jung, que hoje fazem toda a diferença em minha vida. A gente se conheceu quando estudantes, em Roraima, no antigo Projeto Rondon, no meio de índios e caboclos. O Gani improvisou um teatro de bonecos com gravetos para explicar ao povo a necessidade de proteger as águas e o ambiente. Eu gamei nele no ato. Recentemente, um amigo me trouxe da Europa um disco do Screamin’ Jay Hawkins, que o Gani amava, e eu chorei de saudades ouvindo. Espelho meu, já não existe nesse mundo alguém tão estranho quanto eu, mas você está vivinho em meu coração. Te amo pra sempre. Namastê!



quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Os Elementos, a Astrologia e o Som





O ELEMENTO TERRA

Os signos de terra tendem a confiar mais nos seus sentidos e no raciocínio prático do que nas inspirações, nas considerações teóricas ou nas intuições. A compreensão de como o mundo material funciona, dá a estes signos mais paciência e autodisciplina do que aos outros; mais cautela, premeditação e fidedignidade. Geralmente suspeitam das pessoas de mente ágil ou mais espertas e também acham que o fogo queimará a terra com seu ímpeto e demasiada pressa.

Atributo básico do Som - DURAÇÃO - é o tempo que a nota permanece vibrando. A duração é a essência do ritmo, que é o aspecto musical mais primitivo. Relaciona-se com o elemento Terra e a parte corporal dos seres. É a combinação entre ordem e movimento. Indica também a velocidade do som/peça musical. A música "nova era" explora os ritmos de pulsação estática para aquietar a parte física do ouvinte.

O ELEMENTO ÁGUA

Os signos de água têm percepção do poder da mente inconsciente mas não tem consciência, ele próprios, do muito daquilo que os motiva realmente. Quando estão sin tonizados, são os signos mais intuitivos e psiquicamente sensíveis. Geralmente sentem aversão por aqueles que são turbulentos ou têm personalidades fortes, tais como as pessoas dos signos de ar e fogo. Sabem que devem se proteger das influências exteriores a fim de garantir, para si mesmos, a paz interior necessária à reflexão profunda e à percepção.

Atributo básico do Som - ALTURA do som - é determinada pela freqüência: uma freqüência alta produz um som agudo, enquanto que o som grave está numa baixa freqüência. É a melodia do som e está relacioado com a parte emocional do homem. É formada por intervalos ou distâncias existentes entre um som e outro. É o espaço em música. Há um importante aspecto psicológico relativo aos intervalos - quanto maior o intervalo, mais forte é a tensão provocada. O uníssono é, portanto, o intervalo de menor tensão, induzindo à quietude e ao sono. Simboliza também a solidão.

O ELEMENTO FOGO

Os signos de fogo exemplificam a decisão, a grande fé em si mesmos, o entusiasmo, uma força sem fim e uma honestidade direta. Precisam de grande liberdade para podem se expressar de forma natural, e normalmente garantem esse espaço para si mesmos por meio de incansável insistência nos seus pontos de vista. Tendem a ser impacientes e sentem que a água os extinguirá e a terra os sufocará, mas são estimulados pelo ar.

Atributo básico do Som - HARMONIA - relaciona-se ao som pela intensidade; determina se um som é forte (mais audível) ou fraco (menos audível), independente da freqüência. Mais volume significa maior intensidade. A intensidade dos sons é medida em decibéis. A combinação dos sons entre si gera a harmonia, onde se estuda a combinação simultânea dos sons. É a relação entre as várias freqüências vibratórias. É a ciência dos acordes (superposição de vários sons ou intervalos). Está relacionada com a parte racional do homem e de nossa cultura, pois depende de regras, lógica e princípios matemáticos. A combinação não simultânea dos sons denomina-se contraponto.

O ELEMENTO AR

Os signos de ar são capazes de ter um ponto de vista imparcial a respeito da experiência imediata da vida cotidiana, o que lhes dá a possibilidade de ganhar objetividade, perspectiva e racionalidade. São os mais sociáveis de todos os signos, no sentido de que podem apreciar objetivamente os pensamentos das outras pessoas, mesmo que não concordem com elas. Podem carecer de emoções profundas e valorizar a competência intelectual mais provavelmente desvalorizadas pelos signos de terra e água, pela falta de utilidade prática e profundidade emocional.
Atributo básico do Som - TIMBRE - é a fisionomia do som. Uma mesma nota tocada por um violino ou um piano, tem "fisionomia", marca ou timbre que faz a diferença entre eles. Da mesma forma, o timbre da voz masculina é diferente de uma mulher, ou uma criança; o tenor tem um timbre diferente do contralto se ambos cantam a mesma nota. Relaciona-se com a intuição. A música explora uma grande variedade de timbres e além de usar os instrumentos tradicionais nas criações musicais, usa os timbres eletrônicos.

Rejane Woltz Barbisan
Astróloga
e Terapauta

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Os astros e as plantas

Uma vez que todos os planetas de nosso sistema solar orbitam aproximadamente o mesmo plano, vemos o Sol e os planetas desfilarem pelo céu sempre pelo mesmo caminho aparente. Este caminho percorrido pelos planetas que leva o nome de Zodíaco, está dividido em doze constelações distribuidas em quatro grupos de três: cada grupo ligado a um dos elementos: terra, fogo, ar e água.

Todos os planetas tem influência no reino vegetal de modo a imprimir em cada uma delas suas principais características, mas o Sol e a Lua a exercem de maneira mais acentuada. A influência dos planetas numa árvore:

Flores: Vênus
Frutos: Júpiter
Folhas: Lua
Cascas e sementes: Mercúrio
Tronco: Marte
Raízes: Saturno
Sol: toda a planta.

Já a Lua, embora sua maior preponderância seja sobre as folhas, à medida que passa pelas constelações transmite ao solo e, também, ao reino vegetal, forças que vão beneficiar todas as suas partes. Por exemplo:

1) Raízes: serão beneficiadas pela passagem nas constelações regidas pelo elemento terra.
2) Folhas e caules: serão beneficiados pelas constelações regidas pelo elemento água.
3) Flores: beneficiadas pelas constelações regidas pelo elemento ar.
4) Frutos e sementes: serão beneficiadas pela constelações regidas pelo elemento fogo.

As fases da Lua também participam do processo vital dos vegetais. Através dos tempos, o homem observou que as fases da Lua estão ligadas ao aproveitamento correto da luminosidade que, embora menos intensa que a solar, penetra mais fundo no solo e, assim, acelera o processo de germinação das sementes. Sendo assim, as plantas que recebem mais luminosidade lunar na sua primeira fase de vida, tendem a brotas rapidamente, desenvolvendo mais folhas e flores, realizando a fotossíntese com mais eficácia. Assim temos que:

NA LUA NOVA é bom para: fazer podas, capinar o mato (demora mais para crescer), colher raízes suculentas e fazer adubação.

NA LUA CRESCENTE é bom para: preparar a terra; semear e colher folhas e frutos; fazer enxertos; plantar flores e folhagens em vasos.

NA LUA CHEIA: não devemos nem plantar nem transplantar e muito menos capinar, pois o mato cresce mais rapidamente. A seiva das plantas concentram-se toda nas extremidades e é de bom alvitre não mexer nas plantas.

NA LUA MINGUANTE é bom para: plantar e colher raízes; colher e armazenar grãos.

PLANTAS LUNARES: são de folhas grandes ou pequenas mas em grande abundância; as flores são brancas ou de cores claras; os frutos são de gosto insípido e sem cheiro; em geral são de aparência bizarra; vivem na água ou bem perto; são frias, leitosas, narcóticas e antiafrodisíacas; costumam ser usadas nas práticas de feitiçaria. Exemplos: agrião, erva-pombinha, tília, chapéu-de-couro, bananeira, abóbora, violeta amarela, trevo, margarida, lírio branco.

PLANTAS MERCURIANAS: possuem folhas pequenas e de cores variadas; produzem flores e folhas porém não frutos; são sinuosas ou ondulantes e de tamanho médio; as flores geralmente são amarelas, de odor penetrante, com sabores diversos, mas um tanto adstringentes. São plantas geralmente relacionadas com a mente ou com trabalhos na esfera mental. Exemplos: valeriana, sete-sangrias, guaco, eucalipto, erva-lanceta, capim-cidró, canela-sassafrás, salsaparrilha, manjerona, hera, funcho, alfazema, acácia.

PLANTAS VENUSIANAS: são afrodisíacas, com perfume quase sempre suave; produzem sementes em abundância e se derem frutos, são doces e com aroma agradável; são plantas pequenas, muito floridas, com flores alegres e belas (cor de rosa) e possuem muitas flores, mas sem frutos. Geralmente usadas em magia sexual – para filtros de amor. Exemplos: stévia, hortelã, gengibre, erva-da-vida, erva-de-bugre, catuaba, catinga-de-mulata, algodoeiro, tomilho, poejo, mil-em-rama, malva, cerejeira, bardana, sabugueiro, violeta, rosa.

PLANTAS MARCIANAS: muitas são espinhosas e provocam ardor ao tocá-las. Os frutos podem ser venenosos, são ácidos, amargos e de gosto picante. Em geral são arbustos pequenos, com flores pequenas e vermelhas e podem ser prejudiciais à visão. Exemplos: orégano, coentro, cajueiro, guaraná, cardo-santo, alho-poró, alho, erva-de-bicho, alcachofra, uva-ursi, arruda, losna, urtiga.

PLANTAS JUPTERIANAS: são plantas grandes, rústicas, com frutos abundantes e de aspecto esplendoroso. Os frutos são doces e as flores são muito bonitas mas sem perfume, em geral azuis, brancas e violetas. Algumas vezes, as árvores podem esconder as flores. Exemplos: boldo, baicuru, anis, abacateiro, sávia, sabugueiro, pitangueira, picão, pau-ferro, jurubeba, jambolão, dente-de-leão, carvalho, carqueja, cardamomo, camomila.

PLANTAS SATURNINAS: são plantas melancólicas, tristes, sinistras, sombrias, pesadas e de caule duro; grandes e de forma rara. Produzem frutos sem flores de sabor amargo, acidulado e/ou acre. Se houver flores estas são, geralmente, sombrias, cinzentas ou negras. A reprodução é sem sementes, são resistentes e narcóticas e crescem lentamente. Usadas em cerimônias fúnebre e magia negra. Exemplos: aroeira, avenca, cavalinha, cipreste, cominho, cancorosa, espinheira santa, salsa, taiviá, ipê-roxo, erva-mate, bolsa-de-pastor, amor-perfeito.

PLANTAS SOLARES: são de altura média com flores geralmente amarelas com frutos bons e sabor agridoce. Movimentam-se na direção do Sol ou tem a figura deste em suas flores ou folhas ou frutos. Algumas permanecem sempre verdes e são muito aromáticas. Têm grandes poderes mágicos e curativos. São usadas por suas virtudes de adivinhação, medicinais e contra "maus espíritos". A maioria das plantas medicinais são solares. Exemplos: artemísia, nogueira, tanchagem, marcela, estigmade milho, erva-cidreira, canela, calêndula, babosa, arruda, alecrim, era-de-são-joão, laranjeira, camomila, açafrão, louro, melissa, girassol.

Bibliografia:
As plantas mágicas - Botânica oculta - Paracelso
Plantas Medicinais - Anatomia - Fisiologia - Patologias - Marisa Albuquerque de Lúcia
Plantas Medicinais - Dr. E. A. Maury Chantal de Rudder

REJANE WOLTZ BARBISAN - Astróloga, Numeróloga,Terapeuta Floral, Mestre Reiki, Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Contos astrais: A balança

Nivaldo Pereira - nivaldope@uol.com.br

Da porta da sala, ela virou a cabeça de um lado para outro, conferindo a arrumação do ambiente por diferentes ângulos. Flores, ok; almofadas, idem; tudo certo também na ondulação da manta do sofá para dar um premeditado ar de despojamento. As velas, prontas para serem acesas. O que estaria faltando? O incenso! Tinha que ter um incensinho queimando bem na hora em que ele tocasse a campainha. Já tinham falado nisso, e ele adorava aromas orientais. Lavanda ou flor de laranjeira? Lavanda é mais suave; flor de laranjeira poderia trazer um astral mais exótico, algo cigano... Não, nada muito forte: senão ele poderia pensar nela como uma atirada, como se quisesse seduzi-lo na primeira visita. Vá de lavanda! A luz cada vez mais tardia do poente varava a cortina de tule branco. Ela amava o crepúsculo. Pôs a tocar outra vez o disco de Adriana Calcanhotto. Pena que ainda faltasse meia hora para ele chegar. Quem sabe depois dessa noite nunca mais ela sofresse a dor de não poder compartilhar um pôr-do-sol...
Uma réstia de sol cruzou estranhamente, àquela hora, o quarto dele. Olhou pela janela, procurando uma explicação. Lá estava. Alguém abrira uma vidraça em ângulo no prédio em frente, projetando daquele lado a luz oposta do poente. Ele ainda estava de toalha atada à cintura, depois do banho demorado, olhando em dúvida as duas mudas de roupa estendidas sobre a cama. Jeans ou aquela calça mais sóbria? Manga comprida ou uma camiseta com os óculos estilizados de John Lennon? Pensou em ligar para algum amigo, pedindo uma dica, mas achou isso uma frescura tamanha. Vestiu e desvestiu cada peça, até optar por outras: uma calça velha, de brim verde, e uma camiseta com a estampa do rosto de uma Brigitte Bardot anos 60 fazendo beicinho. E se ela pensasse nisso como um convite a um beijo? Seria bom, muito bom... Rindo feliz com essa possibilidade, borrifou discretamente o perfume no pescoço e examinou no espelho os dentes. Estava pronto.
Ela acendeu as velas tão logo o sol desceu no horizonte. Ajeitou mais uma vez as flores no jarro. Seria bom pôr na mesinha de centro uns livros diferentes. Quais? Poesia, sempre! E poesia tem que ser do Vinicius. Num átimo trouxe da estante uma antologia de sonetos em capa rosada. De tudo a esse amor ela seria atenta, por isso o esmero, por isso o cuidado. Ele haveria de levar dali a imagem de uma mulher refinada, mas simples. Juntou ao livro uma revista de decoração e um álbum com fotografias de casas do interior brasileiro. Pensando melhor, escondeu na gaveta a revista, porque ele poderia supor que tudo ali tinha sido obra de ensaios copiados, e não a criação legítima de uma alma sensível. Acendeu uma luminária no chão. Sim, o ambiente exalava um conforto convidativo, bem como ela queria. Na cozinha, já tinha conferido tudo muitas vezes: taças, o vinho branco na geladeira, os petiscos. De prontidão, os ingredientes para o jantar, mais tarde, ao sabor de conversas deliciosas ao pé do fogão. Dez minutos para a hora marcada!
Já na rua, ele olhou o relógio no painel do carro. Dava tempo de comprar alguma coisa para levar, mesmo que ela tivesse deixado claro que ele não se importasse com isso. Flores? Romântico, mas muito clichê... Ah! Ela haveria de gostar do queijo caseiro da dona Edite. Estava perto. Estacionou e entrou no armazém antigo já pronto para fechar. A dona o reconheceu e, como se já soubesse o que ele queria, e sabia mesmo, foi logo divulgando o sabor do queijo que chegara naquele mesmo dia. Meio quilo? Ela pôs a bola num dos pratos da velha balança, e o peso no outro. O queijo estava bem mais pesado, mas dona Edite o retirou assim mesmo. Ele reclamou. Não era justo. Ela estaria no prejuízo. Ele queria pagar o valor certo. Mas a gorducha senhora o olhou com carinho e autoridade e sentenciou: “Meu jovem, você precisa aprender a receber. Você é um bom cliente. Deixe eu ser boa para você também. É um direito meu.” Ele sorriu, desconcertado. Pagou e saiu, agradecido.
Ela olhava o relógio a cada segundo. Começou a se preocupar. E se ele achasse todo o cenário da casa muito artificial, como que montado para agradá-lo? E se não ficasse à vontade? E se nem viesse? O telefone tocou. Ela gelou. Certamente era ele, dando uma desculpa qualquer. Sim, era ele. Ela gelou ainda mais. Mas ele estava lá embaixo e apenas esquecera o número do apartamento. Ela quase chorou de alegria. Correu a acender o incenso, não sem antes trocá-lo de impulso por um de rosas vermelhas. Olhou-se no espelho, sacudiu os cabelos, ajeitou a alça do sutiã sob a bata indiana branca e bordada. O coração aos pulos. A campainha. A porta aberta. Dois beijinhos nas faces. Olhares.
Que cheiro ótimo, ele disse. Não vivo sem incenso, ela disse. Ele olhando as coisas da sala, ela explicando tudo. Aqui e ali um roçar de cotovelos, de dedos. Frêmitos nos corações Ele encantado com a delicadeza de uma pequena balança prateada na estante. E ela: “Presente da minha formatura em Direito”. Ele olhando a vista da janela, à luz do crepúsculo ainda resistente. Ela falou da beleza especial daquele poente. Algo inebriado, ele contou a ela a surpresa de ter visto o mesmo pôr-do-sol, mas indiretamente, pelo reflexo na vidraça de um vizinho. Ela riu, e disse: “O segundo sol!”. E os dois acharam que algo forte estava acontecendo. E os dois se sentiram um. Arrebatados, nem perceberam a dança da chama de uma vela refletida na balança da estante. Na mão dele, esquecida, a bola do queijo, pronta a ser repartida.

domingo, 12 de agosto de 2007

A Scanner Darkly - O Homem Duplo



por Daniela Scheifler Baile no Céu

Em tempos de Inteligência Artificial, Web Semântica, Second Life, RFID (Identificação por Rádio Frequência, algo como aqueles aparelhinhos que estão presos aos produtos de lojas só que bem mais sofisticados, pois são uma espécie de chip capazes de controlar até mesmo aonde o produto foi parar depois de vendido). E também são tempos de terrorismo, fanatismo religioso, corruppção escancarada, difusão de informações e de drogas cada vez mais pesadas. A Scanner Darkly (O Homem Duplo, em português) é um filme, baseado num conto honômimo escrito em 1977, que traz muitas dessas problemáticas à tona.

Dirigido por Richard Linklater, o filme é baseado em um conto de Philip Kindred Dick, o mesmo escritor que inspirou o filme Blade Runner de Ridley Scott. No filme, atores como Keanu Heeves, Wynona Ryder, Woody Harrison e Robert Downey Jr encenam sob a técnica da rotoscopia, em que os atores são filmados normalmente para depois a filmagem ser transformada em animação a partir dos movimentos originais. A técnica já tinha sido usada em “Waking Life”, uma outra animação feita com diálogos intensos a respeito do sentido da vida, mas em A Scanner Darkly o trabalho gráfico é ainda mais poderoso, o que corrobora com a intensidade psicológica do filme.

Para os personagens - e para quem assiste o filme - é dificil precisar o que é realidade aparente e subjetiva, o que é real e o que é ilusão. Com temáticas tais como o mundo das drogas, o poder policial - em que policiais e bandidos não possuem uma clara distinção -, desenvolvimento e alienação tecnólogica e dificuldade de relacionamentos entre seres humanos, o filme traz à tona algo muito presente em tempos de Revolução Tecnológica, Globalização e Terrorismo Internacional: uma paranóia individual e institucionalizada.

O escritor americano Philip Kindred Dick, nascido em 16 de dezembro de 1928, teve ao longo da sua vida sérios problemas com drogas, casou-se e descasou-se muitas vezes, chegou a frequentar curso universitário de Alemão e Filosofia. No entanto, péssimo estudante, o escritor não conseguiu terminar o curso, em vista também da sua apaixonada atividade política. Philip, na época, opunha-se veementemente à iniciativa bélica americana na Coréia.

Sagitariano com Lua e Vênus no Aquário, as histórias de fantasia científica de Philip, malgrado em vida tenham sido subestimadas, hoje se mostram bastante reais e o escritor acabou por ser considerado pela crítica um dos mais visionários e originais escritores da Literatura Americana!!! O filme, através da animação, traz uma estética aquariana presente no livro e também um humor inteligente, visionário e mesmo corrosivo de um Saturno em Sagitário, além da capacidade de ir a fundo emocionalmente próprias de um Plutão e Marte em Câncer. Philip foi criado pela mãe que, tendo se divorciado bem cedo do seu pai, era extremamente possessiva e neurótica. Ele acabou por desenvolver uma personalidade contraditória, com posturas suspeitas e relacionamentos difíceis com as mulheres. Dificuldades essas que ele trouxe corajosamente para as suas obras.

Philip teve, sem dúvida, uma vida conturbada mas também uma produção bastante lúcida do ponto de vista literário. O livro que inspirou o filme, quase que autobiográfico, foi escrito como uma espécie de carta de amor aos amigos que se perderam no mundo nas drogas. Inclusive os atores Woody Harrison, conhecido como ativista pró maconha, e Robert Downey Jr, que já foi para a cadeia por uso de drogas pesadas, conseguiram manter (talvez justamente por isso), durante o filme, o humor do início do livro em que seus personagens mantêm diálogos chapados sobre assuntos diferentes. O filme conta ainda com o Neo de Matrix, trilogia que faz inúmeras referências à obra de Philip, e Wynona Ryder.

Na foto acima, Fred, o personagem de Keanu Reeves, numa das memoráveis discussões com seus dois hemisférios cerebrais: o direito e o esquerdo.

Imperdível!

terça-feira, 7 de agosto de 2007

TERRA À VISTA!!



Agora no final do ano, Saturno e Plutão estão entrando nos signos do elemento Terra,
uma mudança radical de enfoque. Saturno deixa Leão para ingressar em Virgem e Plutão deixa Sagitário para ingressar em Capricórnio. As questões práticas ligadas ao nosso planeta Terra vão estar mais aguçadas.
Ao entrar em Virgem Saturno vai provocar especialmente a geração que nasceu entre 62 e 68, pessoas entre 40 e 45 anos. Esta geração possui uma conjunção de alto teor revolucionário entre Urano e Plutão em Virgem.
Esses dois planetas juntos trouxeram à tona muitas das questões que hoje são corriqueiras e estão integradas na vida diária das pessoas. Foi bastante eficiente para criar e desenvolver uma tecnologia que praticamente sustenta o planeta, a informática. Ela está aí em todas as áreas, há uma interdependência generalizada, quando o sistema está fora do ar, tudo pára, do banco ao supermercado, das transmissões ao vivo via satélite às micro cirurgias. Urano em Virgem trouxe um aprimoramento na micro eletrônica que se tornou fundamental, o uso de pilhas e baterias, quartzo e silício passaram a ser fontes geradoras para inúmeras máquinas, principalmente nas comunicações, hoje os celulares e leptops.
Uma das áreas mais desenvolvidas por esta geração Urano/Plutão-Virgem foi a medicina, que na década de 70 ainda contou com o auxílio da descoberta de Kíron e tudo aquilo que o seu mito revelou, a homeopatia, o uso de ervas e o desenvolvimento da medicina vibracional. Além disso hoje se tem uma infinidade de produtos naturais, desenvolvidos em farmácias e laboratórios de manipulação além de casas naturais e restaurantes vegetarianos de todos os tamanhos, do popular ao requintado. A criação de uma cultura mais interessada nas questões de saúde e ecologia proporcionou um mercado promissor para todos os profissionais da área da saúde, do nutricionista ao médico orto molecular.
Já Plutão, que andou conjunto com Urano durante alguns anos, trouxe a possibilidade de exploração do aspecto catártico nos processos terapêuticos e também o primeiro transplante de coração em 1967, começou a se questionar o prolongamento da vida humana. Também o desenvolvimento das microcirurgias com câmeras de tv, laparoscopia, medicina nuclear e tratamentos a base de drogas muito potentes.
Quando Saturno encontrar estes dois gigantes transpessoais presentes nos mapas desta geração de pessoas é possível que tenhamos uma reavalição muito intensa e eficiente daquilo que foi feito. Tipo, o que fizemos nós?? Será que toda essa tecnologia serviu para alguma coisa? Parece que esteve em curso um certo maniqueísmo do: isso é certo, ou , isso é errado, e pouco jogo de cintura. Hoje Urano está do outro lado em Peixes experimentando um pouco uma outra realidade e Plutão está entrando em Capricórnio, a própria realidade!
Há a possibilidade de ocorrer uma nova super transformação renovadora de padrões, bem na prática, bem no concreto e bem eficiente. Tem-se a impressão de que já está ocorrendo essa mudança! Um certo desapego de hábitos limitadores uma certa aceitação pisciana de uma nova ordem, a nova ordem iniciada em 62 naquela conjunção extremada. Agora com Saturno junto, um certo ajuste será sentido, uma responsabilidade ainda maior com todo este potencial e conhecimento. Há que se ter muita humildade para lidar com tamanha potencialidade e força de domínio material. O trígono que entre Saturno e Plutão no inicio do ano de 2008 pode dar uma diretriz e uma abertura para melhor focalizar na terra uma responsabilidade com a tecnologia. Certamente poderá se chegar a ter muito mais controle da poluição ambiental, dos gases, dos dejetos e resíduos sólidos, a ecologia já é uma prioridade, além de ser um filão de mercado.
Plutão em Capricórnio poderá fazer a limpeza necessária na questão política e também na questão de imagem pública que precisamos construir. Há um ranço muito antigo com a questão da autoridade pessoal, e com Peixes tivemos um período obscuro de dependência, anulação e vitimização, como se não houvesse saída, uma prisão domiciliar num si mesmo idealizado que precisava "ser bom"!! Então Plutão /Capricórnio precisa resgatar uma certa dignidade de segurança pessoal que pode trazer um outro contexto no setor da política e mesmo nas relações entre nações.
Numa outra manifestação dessa geração Urano/Plutão/Virgem, lá pelos idos de 77, 78 surgiram grandes filmes de ficção científica com Star Wars e Blade Runner inaugurando grandes produções de efeitos especiais no cinema, hoje Matrix já é idoso e os Transformers viraram filme. A dimensão cinematográfica ampliou-se a níveis jamais vistos , chegando mesmo a sair da tela e se fundir com a realidade cotidiana. A virtualidade passou a ser real, mistura-se tudo e se vive um tempo de mutações em todas as áreas, nada mais é certo nem errado, por que caminhos seguir então ou etnõã??

Eduardo Krug
duastro@terra.com.br

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Contos astrais: Os gêmeos

Nivaldo Pereira - nivaldope@uol.com.br

Diante do espelho, ele nota uma pequena espinha despontando no canto do nariz. Deve ter sido resultado do gorduroso fish and fries de anteontem. Peixe e batata, tudo frito, no fast-food. Como os ingleses comem mal! Ódio mortal da espinha. Espreme, aperta, cutuca a pele com as unhas. Uma gotinha de sangue aparece. Pronto! Era isso que você queria? Custava esperar? Era a voz do irmão, dentro de sua cabeça. No espelho o vê: seu outro, seu gêmeo. Ficara no Brasil, de braço quebrado. E ele ali, sozinho em Londres, com um mês para explorar as referências tantas dessa cidade que conhecera nos livros, nos filmes, nas bandas dos anos 60, 70, 80. West End, Piccadilly Circus, Oxford Street, Hyde Park. Sai do quarto minúsculo, deixa a chave na portaria e ganha o mundo, dispensando o breakfast econômico.
Poucas coisas nessa vida lhe dão tanta satisfação quanto flanar pelas ruas, mais ainda se forem ruas inéditas de seus passos, mais ainda se forem ruas míticas, por onde teriam caminhado Miss Dalloway, Oliver Twist, Agatha Christie, Oscar Wilde, Morrissey, Mick Jagger e Paul McCartney. Hoje decidira não traçar roteiros. Entraria no metrô e desceria somente onde percebesse na estação algum sinal, algum convite para o inesperado. Era um jogo, gostava disso. Andar e pensar, criar enredos, imaginar, falsear o real até ele virar colorida ficção. Pisa nas escadas rolantes de Gloucester Road, posicionado-se do lado direito. Ingleses têm pressa: a esquerda deve ficar livre para os afobados.
O trem chega logo. Cheio àquela hora da manhã, começo de expediente. Um jovem executivo, de paletó e gravata, sentado, abre a valise e dela retira uma banana. Descasca-a e soca-a inteira na boca. Que cena bizarra! O homem põe as cascas num saco plástico e guarda na pasta. Esse cara deve ser muito metódico, a ponto de levar um saco de lixo consigo. Seria um misógino excêntrico? Teria uma identidade oculta? Boca fechada mastigando, bochechas cheias de banana, o outro se percebe vigiado. Ele muda bruscamente o foco do olhar. Ingleses prezam a indiferença. Estação Notting Hill Gate chegando. Lembra do filme com Hugh Grant e Julia Roberts. Cantarola baixinho a canção do Charles Aznavour: She may be the beauty or the beast... Impulso de descer. Será que hoje é dia daquela feira? Mas permanece no metrô.
Debaixo de seu olhar, no banco, uma mulher de meia idade e cabelo azul lê um livro. Curiosidade aguçada, tenta espiar a capa. Olha só: é Budapest, tradução do romance do Chico Buarque. Ele tem ganas de se revelar brasileiro, dizer-se fã ardoroso do Chico. Mas segura a onda. Nada de intimidades ali: a dama inglesa não haveria de gostar. Estação Paddington se aproxima. Lady Agatha falava dessa estação em seus livros. Trens pontuais, crimes exatos. Desceria aqui? Espia o povo na plataforma de embarque. E súbito, num vislumbre, vê a si mesmo lá fora. O irmão gêmeo! O mesmo braço esquerdo quebrado, a roupa conhecida. É ele sim! Coração pulando, sorry, sorry, excuse me, empurra as pessoas até ficar na porta do vagão, esperando o parar do trem. Sai em carreira desabalada.
Como seria possível? O outro desistira da viagem por causa do acidente de bicicleta, braço engessado, três meses de espera. Falara com ele por telefone há dois dias, estava lá, em casa. Curte por mim, vai na Baker Street ver o Sherlock Holmes, dissera até. Uma surpresa? Então era isso? Corre até o lugar onde vira o irmão na plataforma oposta. Não havia como passar para o outro lado! Pensa até em descer pelo fosso dos trilhos. Não! Tempos estranhos: atitudes suspeitas são perigosas, clima de terror no subway londrino. Então sobe as escadas até chegar na avenida lá em cima. Entra numa cabine telefônica vermelha. Liga a cobrar para casa. Ninguém atende. Na casa da irmã: nada. Cadê todo mundo? Como saber se o louco do Hermes entrou de repente num avião e veio para Londres de braço quebrado e tudo?
Tec-tec-tec-tec. Que tormento digitar com uma mão só! Uma lauda de texto e já está cansado. Mas continuaria sua história. No porta-retrato ao lado do computador, em cuja foto ele e o irmão aparecem rindo, idênticos, está afixado o postal que recebera de Londres. Estação Paddington. No espelho da porta do armário vê a espinha crescendo embaixo do nariz. O irmão adora espremer cravos e espinhas e, se estivesse ali, não deixaria por menos. Volta os olhos para o texto. Escrever era o único jeito de viajar sem sair do lugar: brincando na linguagem, na imaginação e nas possibilidades de ser um outro. Afinal, era chamado de Hermes, nome de um deus moleque e mentiroso, com asas nos pés. Mas e agora, ó Hermes, divino trapaceiro? Como resolver a situação que inventara, aparecendo de improviso na viagem do irmão? Ah!, com gêmeos é assim mesmo: quando se pensa que é um, pode ser o outro. Ele examina o mapa do metrô de Londres. Próxima estação: Baker Street. Tec-tec-tec-tec. Literatura não precisa de lógica. Não é, meu caro Watson?